QUANDO!

 

QUANDO

* Sonia Naranjo *

Quando eu sentir a tua dor como se fosse minha

Quando eu escrever certo num papel sem linha...
Quando eu disser palavras certas sobre a tua dor
Quando eu me desintegrar para te dar calor...

Quando eu te defender ao ver tua integridade ameaçada
Quando eu atender a todos, como fosse uma sessão privada...
Quando eu te amar, sem esperar resposta para o meu amor
Quando eu limpar tuas feridas e secar o teu suor...

Quando eu entender o teu gesto de indignação comigo
Quando eu te agasalhar e te der abrigo...
Quando eu compartilhar contigo a minha comida
Quando eu te abrir a porta e te der guarida...

Quando eu encontrar meus olhos nos teus olhos
Quando eu te der uma flor colhida entre os abrolhos...
Quando eu repartir contigo as minhas vestes
Quando eu guardar tuas queixas, quais jóias que me destes...

Quando eu olhar teu infinito e sentir minha pequenez
Quando eu me ver nua e te ver nu, sem ter vergonha de nossa nudez
Quando eu caminhar descalça e delicada nos teus sentimentos
Quando eu seguir contigo contra os ventos...

Quando eu curtir contigo mais de dois mil passos
Quando eu embalar tua alma nos meus braços...
Quando eu te der a capa e também o manto
Quando eu te ver cair, sem demonstrar espanto...

Quando eu te perdoar todas as vezes que precisares do meu perdão
Quando me atraiçoares e, ainda assim, eu te chamar de irmão...
Quando eu fizer e sentir tudo isto e, mais, muito mais que tudo isto...
Aí então, terei entendido o CRISTO!...

(“Os pecados dos espíritas”)